Estar
certo é um fardo mais que um dom
Passar a vida sem perceber porque é que as
pessoas não percebem a nossa maneira inequívoca de exercer a lógica, mais do
uma perplexidade, é uma dolorosa maneira de perceber a ignorância dos que nos
rodeiam.
No entanto, eles aí andam, errados mas
acompanhados. Cheios de amigos, que talvez percebam até os erros que os
adornam, mas que se ficam por perto, talvez numa masoquista insistência do
voyeurismo pelo equivoco alheio.
O que é que os atrai? Escapa-me.
Quando penso que até eu cometo erros, de
vez em quando vá, mas admito, mas que são pesados com a mais pesada medida e
taxa, escapa-me a compreensão e mais, a condescendência com que os erros
alheios parecem passar pela amigável censura.
Postos em linha, os meus erros parecem
pesar o mesmo, os telhados parecem mesmo material e mesmo feitio, mas nada.
Tudo parece diferente e as pessoas afastam-se dos meus erros como preferindo a
companhia da lepra para um café.
O que torna os meus erros diferentes, já
me perguntei tantas vezes, aparecem mimicados em filmes e livros, acontecem
como contam as histórias . igualzinho.
Sei mesmo de amigos que cometem erros com
amigos e os amigos se queixam desses mesmos erros de maneira vocifera quase
decepcionada, pior que sei lá o quê. E depois nada, amigos como dantes.
Sou perseguido pelo julgamento do erro?
Serei o único condenado neste tribunal sem sala própria pergunto eu. Porque me
calha a mim exemplificar a personificação da pena pela exclusão, pela
abstinência amigável.
Para! Anda para a cama e não penses mais
nisso. O que é que estás a fazer? Não sejas parvo ninguém te quer mal. Dizes
tu. Eu acho que não, e mais, não perceber está –me a consumir como ácido em
almofadas, se dormir fosse remédio tomava assim que acordasse.
“és uma pessoa difícil de gostar”
disseram-me. Então, mas gostas mesmo de pessoas que sejam fáceis de gostar?
Para isso leio romances, e outras histórias que não têm muitas páginas.
Vou mudar.
Para onde?
Mexesse